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segunda-feira, 19 de março de 2012

TocaRauuuuuuuuuuuul!!!



Não há outra forma de dizer: não me lembro de ter visto, alguma vez, num show de rock qualquer no Brasil, um sujeito que, ao término de uma música não gritasse dos confins em que estivesse: "TOCARAUUUUUUUUUUUUL!!!"

Isso mesmo, escrito e falado dessa forma. Como se fosse uma única palavra. Sinceramente, não dá para entender porque essa frase ecoa, como uma tradição, em todos os shows.

No entanto, certo é entender o fascínio, a sagacidade, a simplicidade e a construção da imagem que foi feita em torno de Raul Seixas. Ele é quase um mito, lembrando que me refiro a quase, porque mitos são coisas que não existem e servem apenas como explicação não racional para determinado evento, ou fato.

Raul Seixas era um ser vivo. Não um mito. Mas através dele, na verdade, através de sua música, podemos entender um bocado do rock produzido no Brasil, através das suas letras, o inconformismo ou a inércia do cidadão comum frente as verdades incontestes que a vida apresenta.

No entanto, é através da pessoa de Raul, que se entende um bocado sobre o que a vida não deve ser. Ou seja, uma montanha russa sem freios. Vivendo, quase sofregamente, tudo aquilo que lhe era oferecido, inclusive as drogas, Raul viveu e morreu jovem. Talvez seja por isso que, mesmo aqueles que nasceram após a sua morte, ainda se encantem com aquilo que ele produziu: uma música para a vida toda. O mérito de qualquer artista é produzir algo que seja atemporal.

Neste nosso país, temos a estranha mania de colocar pessoas que se destacam por algum motivo em pedestais, para ficarem longe daqueles que construíram os pedestais, ou para permanecerem sempre naquele pedestal e perderem o contato com a realidade.Em vida, Raul Seixas jamais foi içado a qualquer pedestal. Seu sucesso sempre foi maior após a sua morte. Estranho fato que também sempre ocorre nesse país tropical: o não reconhecimento em vida.

Nesta sexta-feira estreia o documentário “O Início, O Fim e O Meio”, dirigido por Walter Carvalho, que se esforçou para mostrar, dialogicamente, todas as facetas desse poeta, cantor, compositor, ativista e ser humano chamado Raul “rock” Seixas. Raul foi tudo e mais um pouco, menos Maluco.

Vejam o Trailer oficial.

Inté!

"Garota de Ipanema" faz 50 anos, com corpinho de 67!


sexta-feira, 9 de março de 2012

Sobre trabalhar


Já disse em algumas ocasiões, como a sexta-feira me faz bem. Isso não é novidade para ninguém. Afinal, avistar esse dia como o último dia de trabalho é uma coisa que muitos descrevem como maravilhosa. No meu caso, eu já nem me preocupo tanto, há anos não trabalho às sextas, somente na parte da manhã e olhe lá.

Pode parecer um certo tipo de arrogância, ou de presunção essa última coisa, mas não é. Todo mundo sabe que eu sou professor. Professores fazem seus horários e escolhem seus horários e dias em quer irão trabalhar. Obviamente acabam recebendo o salário que lhes cabe, pela quantidade horas-aula que vendem.

Tenho escutado que a minha vida é fácil. Que minha vida anda tranquila pelo simples fato de eu ter uma empregada doméstica em casa. Que me dou ao luxo de beber muita cerveja no dia em que eu quiser, inclusive às segundas-feiras. Sempre gostei de um ditado que diz: “Todo mundo vê as cachaças que eu bebo, mas ninguém olha os tombos que eu tomo”.

Esse ditado popular diz muito sobre minha vida. Deveria falar também sobre as vidas das outras pessoas. Todo mundo sabe onde o calo lhe aperta. Até onde me lembro, não fico dizendo que a vida de fulano, ou de beltrano é fácil, ou que o camarada não dá duro para conseguir o que tem. Pelo menos, acredito eu, a maioria das pessoas que conheço, rala pra cacete.

Porém, existe um problema no nosso país, que talvez o Gilberto Freyre explique, de que a mentalidade das pessoas sobre o trabalho é a de achar que todo mundo deveria trabalhar todos os dias da semana, oito horas por dia. Não entendo o motivo disso, a razão que leva o camarada a crer que se ele trabalha num determinado emprego tantas e tais horas, outras pessoas também deveriam. Sendo que esse sujeito, muitas vezes, detesta o fato de trabalhar cinco dias por semana, oito horas por dia.

Penso que se alguém escolhe uma profissão como a minha, sabe dos riscos e problemas inerentes à ela. No caso do Magistério, baixos salários, alunos cada vez menos respeitadores, pais de alunos cada vez menos responsáveis por seus filhos, escolas que tratam a Educação como mero produto comercial como um detergente. Mesmo sabendo dessa situação, há 12 anos atrás, eu decidi que era isso que eu queria.

Sei que tem gente que não teve as oportunidades necessárias para ter a profissão que desejava - isso é assunto para vários posts – mesmo assim, acredito que qualquer um possa encontrar algo que lhe dê prazer naquilo que faz durante a semana e que chamam de trabalho, ou emprego.

Sem contar que no Brasil, é notório a aversão que as pessoas tem àqueles que possuem um capital intelectual superior ao seu. Eu sei que o simples fato de deter o poder de palavra sobre qualquer indivíduo, seja na circunstância que for, já é instrumento de dominação e de sobreposição a uma determinada esfera social.

O que percebo, porém – e isso é outro traço marcante do brasileiro – é que o fato de alguém trabalhar “intelectualmente”, sem necessariamente fazer “força”, não “pegar no pesado”, é algo que é difícil de engolir. Uma boa parte das pessoas não consegue entender o significado de trabalhar em alguma coisa, a partir do conhecimento específico que se tem sobre alguma coisa e, mesmo assim, não precisar que se faça esforço físico.

Nem vou falar dos chamados “Home Offices”! Onde várias pessoas administram negócios, vendas, acordos e tantas coisas, a partir de suas casas. Tenho um conhecido que trabalha na Índia, mas não sai do seu próprio quarto no Grajaú, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Passa o dia em casa. Você sempre pode vê-lo online no MSN e outros. Mas vai tentar falar com ele? A diferença de fuso horário daqui pra lá é de +9h! Se aqui são 8:30 da manhã, lá já são 22:30 da noite! Um horário de trabalho muito diferenciado. O sujeito se divide em dois mundos, diversas vezes é contatado de madrugada para resolver um problema, pois lá em Nova Délhi, já é dia.

Mas muita gente vai dizer: “Mas pelo menos ele está na casa dele! Não precisa pegar ônibus cheio, aguentar a presença física do patrão, etc.”. E aí permanece esse ciclo que dá no saco!

Inté!